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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Aplicabilidade dos mini implantes com suas diversas abordagens.



Neste artigo de 2007, publicado pela Revista Dental Press pelos doutores: Ana Cláudia Moreira Melo, Lucila Largura Zimmermann, Paulo César Raveli Chiavini, Eleise Sosnoski Belaver, Huberto Araldi Leal e Geninho Thomé. Fala da aplicabilidade dos mini implantes com suas diversas abordagens.


Após o advento da osseointegração, proposto por Branemark et al., a possibilidade de atingir ancoragem absoluta tem revolucionado a Ortodontia. Alguns estudos foram iniciados com o objetivo de criar dispositivos que pudessem ser utilizados especificamente como ancoragem ortodôntica. Placas de fixação usadas em cirurgia ortognática, ligaduras zigomáticas e até mesmo parafusos utilizados para enxerto foram propostos para servirem como ancoragem esquelética durante o tratamento ortodôntico. Também, os recentemente denominados Dispositivos de Ancoragem Temporária, implantes específicos para uso ortodôntico, foram propostos, como os implantes palatinos, miniplacas e os mini implantes.


Os mini implantes apresentam diversas indicações clínicas, entre elas: retração do segmento anterior, evitando o uso de aparelho extrabucal como reforço de ancoragem, verticalização de molares, intrusão de dentes anteriores e até mesmo intrusão de molares. Apesar do pequeno diâmetro (variações de 1 a 2mm), os mini implantes são capazes de suportar forças de até 450g, enquanto a maioria das forças utilizadas em Ortodontia são inferiores a 250g.


O planejamento inicial do ortodontista visa identificar a área ideal para o posicionamento dos mini implantes, do ponto de vista de como a movimentação será realizada. Deve também ser considerado o modo de aplicação da força, direto ou indireto. Molas pré-fabricadas de níquel-titânio ou elásticos em cadeia, se estendendo do parafuso até a unidade ativa, geram sistemas de ancoragem direta. Por outro lado, os mini implantes também podem ser usados como ancoragem indireta, ou seja, o mini implante é unido ao dente que servirá de unidade de ancoragem para aplicação da força.


Grande parte dos relatos de instabilidade e necessidade de remoção dos mini implantes, normalmente, está associada à inflamação dos tecidos moles ao redor dos parafusos. Cheng et al. em 2004, ao avaliarem os possíveis fatores associados à estabilidade dos mini implantes, observaram que o comprimento dos parafusos não apresentou relação direta com a permanência ou não dos mini implantes. Segundo os autores, a quantidade de força também não mostrou relação estatisticamente significante, contudo eles salientaram que as forças utilizadas foram bem controladas e leves. Como cuidado pós-operatório, os pacientes deverão ser instruídos a manterem excelente higiene do local, já que um dos fatores relacionados à perda de estabilidade dos mini implantes é a presença de inflamação local.


Os mini implantes são removidos com facilidade aplicando-se um contra-torque à conexão de hexágono. Normalmente não é necessária anestesia, já que o pequeno desconforto que o paciente pode sentir durante a remoção é menor que o devido à anestesia, e não é necessário qualquer tipo de sutura.


Os autores concluiram que os miniimplantes são um excelente método de ancoragem ortodôntica e proporcionam resultados excelentes, desde que seja realizado um cuidadoso planejamento ortodôntico/cirúrgico.


Link do Artigo na integra na Dental Press:


http://www.dentalpress.com.br/cms/wp-content/uploads/2008/09/dica_clinica_ana-claudia.pdf

Arco Utilidade de Ricketes



Neste artigo de 2008, publicado pela revista Dental Press, pelos autores Márcio Antonio de Figueiredo, Claudia Tebet Peyres de Figueiredo, Masato Nobuyasu, Gervásio Yoshio Gondo, Danilo Furquim Siqueira; da UMESP e UNOESTE - São Paulo, mostra todas as aplicaçõesdo arco utilidade de Ricketes, vai desde sua construção, modificações e aplicações em diferentes situações.


O arco utilidade é parte integrante da mecânica ortodôntica utilizada na “Ciência Bioprogressiva” de Ricketts. A palavra “Bioprogressiva” surgiu da união do prefixo “Bio” - abreviação de Biologia e se refere ao cuidado que a mecânica ortodôntica empregada tem com os processos biológicos envolvidos em um tratamento ortodôntico - e “Progressiva”, por refletir a seqüência lógica e progressiva utilizada na montagem dos aparelhos e conseqüente movimentação dos dentes.


Dentro desta ciência, o arco utilidade é, provavelmente, o dispositivo mais conhecido e utilizado, sendo confeccionado com o fio quadrado 0,016” x 0,016” Elgiloy azul. Segundo Miksic, Slaj e Mestrovic, este fio é composto por uma liga de cromo-cobalto, o que facilita a confecção de dobras. Este arco, em conjunto com braquetes de canaleta 0,018” x 0,030”, começou a ser utilizado por Ricketts no tratamento ortodôntico/ortopédico facial em 1960.


De acordo com McNamara Jr., o arco utilidade é eficiente para intruir e, especialmente, efetivo para retruir ou avançar os incisivos superiores e inferiores. O mesmo autor salientou que uma das dificuldades para o tratamento das discrepâncias ântero-posteriores (particularmente a má oclusão do tipo Classe II de Angle) é a interferência vertical anterior. Nestes casos, o arco utilidade pode ser utilizado para intruir os incisivos, favorecendo a correção ortopédica, ou mesmo cirúrgica, da má oclusão. Segundo Sellke a correção do trespasse vertical antes do horizontal é um importante princípio do tratamento bioprogressivo.
Este conceito está baseado na convicção de que uma mordida profunda pode “travar” e impedir o relacionamento normal entre a maxila e a mandíbula, durante o crescimento. Baseando-se nesta idéia, o arco utiliutilidade, juntamente com o quadrihélice de Ricketts, pode ser utilizado no início do tratamento para “destravar” a oclusão, fornecendo condições morfológicas adequadas para que a mandíbula possa se desenvolver normalmente. Entretanto, algumas vezes, pode ser utilizado também nos estágios tardios do tratamento.


A técnica Bioprogressiva está baseada no fato de que o arco dentário é constituído por setores distintos, cada um dos quais possui características próprias com relação aos aspectos anatômicos, funcionais e estéticos. O setor dos incisivos constitui-se de dentes com raízes unirradiculares e de pequeno diâmetro, cujas bordas incisais tornam estes dentes aptos para realizar a função de corte dos alimentos, além de cumprirem um importante papel estético e fonético. Já os molares são multirradiculares, com a face oclusal destinada à trituração dos alimentos e com o diâmetro das raízes maior que o dos incisivos.


Segundo Ricketts, a força de erupção dos dentes é estimada em, aproximadamente, 0,2g a 0,3g por mm2, ou seja, 1/5 da quantidade de força comumente empregada para movimentar um dente. Teoricamente, o dobro desta força (0,4g a 0,6g/mm2) impede a erupção dos dentes e o triplo desta força (0,6g a 0,9 g/mm2) intrui os dentes.


Otto, Anholm e Engel demonstraram ser possível, tanto em crianças como em adultos, o movimento de intrusão dos incisivos com a técnica Bioprogressiva, utilizando-se o arco utilidade. Os pesquisadores não encontraram nenhuma correlação entre idade, maturação esquelética, padrão facial e intrusão, sendo que, neste estudo, a maior intrusão obtida foi de 5,5mm em uma paciente do gênero feminino com 32 anos de idade.


O arco utilidade promove a intrusão dos incisivos por meio de um sistema de alavanca que produz uma pressão leve e contínua, em torno de 60 a 80 gramas para os quatro incisivos inferiores. Visto que força por unidade de área é definida como pressão, a terapia Bioprogressiva advoga a utilização de 100 gramas de força por centímetro quadrado de raiz exposta ao movimento, sendo que esta força pode ser multiplicada por dois quando a ancoragem cortical for o objetivo da mecânica, ou dividida por 2 quando os dentes serão movimentados pela cortical óssea. Isto significa que a força aplicada varia, dependendo do tamanho da raiz envolvida no movimento e da direção do movimento planejado.
A análise da superfície radicular determina os valores utilizados para o movimento dos dentes no sentido ântero-posterior. Quando um dente do setor anterior é movimentado neste sentido, a superfície radicular que enfrentará o movimento é a vestibular ou a palatina. Entretanto, quando o mesmo movimento se realiza no segmento posterior, as superfícies radiculares envolvidas são a mesial e a distal.


O arco utilidade é confeccionado com fio Elgiloy azul 0,016” x 0,016” fornecido pelos fabricantes em formato de varetas. Esta liga foi desenvolvida pela Elgin Watch Company e contém 40% de cobalto, 20% de cromo, 15% de níquel, 15,8% de ferro, 7% de molibdênio, 2% de manganês, 0,16% de carbono e 0,04% de berílio. Introduzida no mercado pela Rocky Mountain Orthodontics (Denver, Colorado, EUA), esta liga é fabricada em quatro têmperas, diferenciadas uma das outras pelas cores azul, amarelo, verde e vermelho em suas extremidades. Para confecção do arco utilidade, o fio indicado é o de ponta azul 0,016” x 0,016” sem tratamento térmico. Este fio tem a capacidade de gerar 2.000 gramas de força por milímetro quadrado, suficiente para movimentar um molar. Esta força pode ser diminuída, aumentando-se a distância do fio por meio de braços de alavanca. O limite elástico proporcional do fio Elgiloy azul 0,016” x 0,016” a uma distância de 25mm é de 80 gramas, e a 30mm uma dobra permanente não ocorre até ultrapassar 70 gramas.


Os tipos mais comuns de arco utilidade são: arco utilidade básico, arco utilidade de retração e arco utilidade de avanço. O arco utilidade básico pode ser utilizado para manter espaço, ganhar espaço (verticalização de molares e expansão dentoalveolar), ancorar os molares e intruir os incisivos.


O arco utilidade é um aparelho extremamente versátil, com inúmeras possibilidades clínicas, sendo capaz de intruir, extruir, avançar ou retrair os incisivos superiores e inferiores; manter, diminuir ou aumentar o espaço no arco inferior; além de ancorar os molares inferiores. Entretanto, uma das maiores vantagens de seu uso consiste na correção de más oclusões do tipo Classe II, com mordida profunda e em fase de crescimento. Esta vantagem não está relacionada com o efeito mecânico de intrusão, mas com a resposta biológica que esta mecânica pode acarretar no crescimento facial.




Link do Artigo na Integra via Scielo:


http://www.scielo.br/pdf/dpress/v13n4/a15v13n4.pdf
Creditos- Ortodontia Contemporânea